terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Talvez uma parvoice...




Recosto-me e inspiro fundo. Da minha janela a paisagem é magnífica. Consigo ver grande parte do coração verde da cidade. O céu está fabuloso. Pudesse eu pintar! Tons de branco e cinzento numa trama de algodão esculpida a preceito. Quase um mar invertido. Faz-me lembrar o sentimento generalizado que os filhos de Portugal vivem nos dias de hoje. Como se o país tivesse dado uma volta e se visse espelhado ao contrário. Uma nova versão virada do avesso. Uma realidade diferente a que nos teremos de habituar, calculo. Pergunto-me quando conseguiremos tornar a ver este Portugal na perspectiva que ele merece. Sim, uma qualquer outra que lhe faça jus, porque jamais voltará a ser o mesmo. Nem nós seremos os mesmos. Conseguiremos nós ter capacidade para esperar dias melhores, para lutar por dias melhores. Saberemos nós adaptarmo-nos e começar a fazer omeletas sem ovos, usando e abusando da criatividade. Quem nos representa, recordará quem fomos, quem somos ou o que esperamos?

Não sei de nada, nem tenho respostas. Mas tenho alguma esperança e sei que o céu, hoje branco e cinzento, amanhã será azul e também sei que os olhos que o vêm hoje não serão os mesmos de amanhã.

Sem comentários:

Enviar um comentário