sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Os que nunca acertam





O José Vítor Malheiros quando escreveu o seu texto “Na fila do supermercado” publicado no jornal Público a 3 de Julho de 2012, não desenvolveu nas suas considerações o desespero dos “que nunca acertam”. Sim porque os há! Eu, por exemplo. Sou mãe de família e preciso de me ver livre das compras da semana o mais rapidamente possível, por isso mesmo tal como o José Malheiros, faço a minha escolha de fila de acordo com os tais critérios consabidos, mas NUNCA ACERTO! Faço muito raramente parte do grupo família porque por norma a deixo em casa (é mais rápido!) e mais frequentemente, faço sim parte do grupo dos do carrinho a abarrotar! E não balbuceio qualquer coisa ininteligível, depois de concluir que nunca acerto na fila mais despachada. Faço sim uma espécie de monólogo interior, uma espécie de mumbling sem som, à semelhança da personagem Muttley em “Dick Dastardly & Muttley In Their Flying Machines” e amaldiçoo-me literalmente pela minha falta de sorte. Enfrento pois o tal senhor do restaurante mas que tem mais um carrinho não sei onde, que desencanta à última da hora vindo dos confins do inferno; a senhora que tinha meia dúzia de coisas e se esqueceu do pacote de pensos diários; o senhor solteiro que apenas leva umas coisitas e resolve esclarecer o preço de uma espuma de barbear em promoção; a avó que embora reuna meia dúzia de coisas na mão e que aparenta despacho, resolve trocar a peça de roupa que leva para o neto e a “caixa” não consegue que ninguém a atenda no departamento do vestuário.

A verdade é que por mais calculos, deduções ou análises que faça, acabo sempre por enfrentar um embróglio qualquer e para meu azar escolher a fila errada. Todavia consolo-me com uma mesquinha, mas inofensiva sensação de vingança. Embora me possa incluir de facto no grupo dos perigosos, porque o meu carrinho vai sempre a abarrotar ou porque de quando em vez faço parte do grupo família, depois de muitas vezes ter ganho raízes profundas, tal qual carvalho centenário na fila da caixa, tenho a certeza de que defraudei as expectativas do intuitivo da fila ao lado, que concluiu...”Homessa...e não é que aquela era despachada!

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